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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Parêntese: Quem é culpado?



Pela primeira vez fui testemunha ocular de um tumulto cujo resultado foi tiro e morte de alguém. Estava simplesmente fazendo compras, tentando retornar ao meu carro estacionado ali perto e de repente parecia que havia sido transportado para uma outra realidade. Um desespero, as pessoas sem saberem o que fazer, aterrorizadas, muita revolta e no centro do tumulto alguns policiais praticamente encurralados.
Ouvi o tiro, depois do spray de pimenta, a correria, o policial apontou a arma, não havia parecido acidental naquele momento. Mas achei melhor sair dali com minha noiva o mais rápido possível de forma segura do que saber o que aconteceu.
Então, depois o quebra-cabeça foi se montando e claro com a cobertura massiva da mídia, fui analisando cada um dos videos, gravados pelas pessoas que vi corajosamente gravando tudo com seus celulares.
Muita gente culpando o PM que atirou, dizendo que ele deveria ter preparo para sair de uma situação preservando a vida, homem que provavelmente também teve sua vida acabada, e na melhor das hipóteses tiver a sentença de legítima defesa, dificilmente terá normalidade no seu dia a dia e enfrentará um processo longo e doloroso, para ele e sua família.
Muita gente culpando o camelô, dizendo que ele avançou sobre o policial de forma irresponsável e provocou sua própria morte.
Detesto esse discurso de massificação da culpa, mas não tem como fugir disso nesse caso, a culpa na verdade foi minha, foi sua que está lendo esse texto, é de toda a sociedade.
Nós é que permitimos que se mantenham no poder e elegemos Tiriricas, Malufs e Bolsonaros. Nós que escolhemos aqueles que votam as leis que deveriam estar ali para nos proteger. Nós que escolhemos aqueles que mandam polícias às ruas fazer o "rápa". Nós que permitimos a existência de impostos tão elevados que fazem da pirataria uma necessidade da sociedade. Nós que permitimos que oficiais da lei prendam trabalhadores ilegais, em ruas movimentadas, cheias de populares, armados prontos pra matar se necessário. Nós que incentivamos a cultura de ir pra cima do policial pra protestar contra o que considera injusto, um profissional que está apenas cumprindo seu trabalho também, aquilo que foi mandado fazer, que arrisca sua vida todo dia para sustentar sua família, muitas vezes despreparado psicologicamente para a função, sem salário compatível.
Quando vai chegar o dia que vamos acordar e entender que dessa forma essa guerra acaba se tornando povo contra povo e os verdadeiros culpados, nós mesmos os elegemos para serem inocentados de seus crimes, estão lá nos manipulando para fazermos isso de 4 em 4 anos.
Ficamos hipnotizados discutindo se a culpa foi de um, se a culpa foi de outro, indignados, mas foram só marionetes, vidas controladas para se enfrentarem e se acabarem mutuamente. E aqueles que acabaram com essas 2 vidas estão cantando musiquinhas como o Flautista de Hamelin, nos convencendo a irmos atrás dele e votarmos neles, acreditando que pior do que tá não fica.

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